O Blog da Agência conversou com Ricardo Vieira Orsi, que (em suas próprias palavras) formado na área de Direito, é servidor do Banco Central há 17 anos e atua na curadoria do acervo institucional de arte e museologia da instituição.
BA: Como o Banco Central formou o acervo de obras de arte atual, quais os principais nomes, quantas obras, e onde está o acervo? RVO: A Coleção Banco Central foi formada na década de 1970, quando o Banco Central recebeu obras de arte por conta de créditos que detinha em instituições financeiras que saíram do mercado financeiro, em liquidações ou intervenções do Banco Central. O acervo principal da Coleção é formado por cerca de 300 obras, majoritariamente de artistas brasileiros, e com foco no Modernismo Brasileiro. São obras de artistas como Tarsila do Amaral, Vicente do Rego Monteiro, Di Cavalcanti, Portinari, Volpi, Bonadei, Aldemir Martins, Milton Dacosta, Maciej Babinski, Marcelo Grassmann, Clóvis Graciano, entre outros.
BA: Conte-nos um pouco sobre a exposição "Cândido Portinari em obras".
RVO: São 15 obras, sendo 12 painéis de cerca de 2 metros de altura por 1,5 de base, da série Cenas Brasileiras, e um grande painel, Descobrimento do Brasil, de 5 metros por 4, e mais duas paisagens. Os paineis foram elaborados em têmpera sobre tela (4 painéis) e em óleo sobre tela (8 painéis); o grande painel foi realizado em óleo e têmpera sobre tela. As paisagens são em óelo sobre tela.
O painéis são datados de 1954 a 1956, período da maturidade artística de Portinari, onde o mestre já havia assimilado as lições cubistas e a influência picasseana, e desenvolvido uma linguagem própria, reconhecida pela crítica e público. As obras também mostram um diálogo com a arte abstrata, que se impunha fortemente no Brasil, à época.
BA: Na sua opinião, qual é a obra mais importante exposta?
RVO: O painel Descobrimento do Brasil, por suas dimensões, por sua linguagem ousada e pela qualidade do trabalho.
Descobrimento do Brasil, 1954
Têmpera e óleo sobre tela
500 x 400 cm
BA: Você possui algum idéia em relação aos valores de mercado destas obras? RO: Não há possibilidade de se avaliar, pois não há obras de dimensões equivalente no mercado...
BA: Fale-nos sobre a importância de Portinari para a arte brasileira RVO: A obra de Portinari é importante para a arte brasileira tanto pela trajetória de sua linguagem plástica, ligada ao modernismo e à fixação de uma visualidade brasileira, e em busca constante de inovação, até o final de sua vida, quanto pela temática desenvolvida, a partir do projeto de "pintar a gente brasileira". Portinari conseguiu os dois feitos, foi um experimentador na linguagem e, com uma obra vasta (mais de 5 mil obras), construiu um painel múltiplo e diversificado da sociedade brasileira, o que já foi denominado como uma "imaginária brasileira".
O único lamento é terem sido breves sua vida e carreira, morreu aos 59 anos; se tivesse prosseguido, como Volpi por exemplo, que viveu quase 90 anos, teria avançado ainda mais na experimentação plástica e obtido ainda maior consagração como grande mestre.
Bumba Meu Boi, 1956
Óleo sobre tela
200 x170cm
Ricardo também coordena o projeto 'Casa da Memória, e você pode visitar o site do projeto aqui. O Blog Agência agradece pela entrevista e deseja sucesso para a exposição e para Ricardo!
Sobre a exposição
Local: Galeria de Arte do Banco Central Período: De 18 de Agosto de 2009 a 27 de junho de 2010 Visitação: de terça-feira a sexta-feira, das 10h às 17h30 Sábado e Domingo, das 14h às 18h Endereço: Edifício Sede do Banco Central - SBS -Quadra 3 - Bloco B - 8o andar Brasília Agendamento de visitas escolares (61) 3414 2099 e 3414 2093 Mais informações, siga o link do: Banco Central.
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